Minha história #3

No boletim de setembro, nós do Observatório de Inclusão e Economia (O.I.E.) abordamos a inclusão econômica de pessoas surdas.

Na seção “Minha história”, convidamos pessoas com deficiência para relatarem suas vivências em busca de emprego, empreendendo, no trabalho doméstico e na formação acadêmica.

Nesta edição, o Ivo Theolaneo apresenta sua vivência como pessoa com deficiência auditiva.

Imagem em fundo preto com desenho em giz branco de um livro aberto e uma mão escrevendo algo no livro. Fim da descrição.
Fonte: imagem gerada pela IA Adobe Firefly.

Meu nome é Ivo e atualmente trabalho na área administrativa como Auxiliar administrativo de uma filial na BR.

O.I.E.: Quais foram as principais dificuldades que enfrentou?

Para responder a essa pergunta, eu preciso esclarecer algo a fim de dar uma resposta o mais honesta possível, eu uso o AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual) desde os meus 10 anos logo, portanto a minha adaptação com o AASI vem de muito tempo e tempo o bastante para poder conhecer as minhas reais necessidades como individuo não ouvinte e encontrar meios de supri-las, além do uso do aparelho auditivo. Eu não me recordo com riqueza de detalhes de como era a minha socialização antes da protetização, porém o que posso afirmar com base no pouco que me recordo é que eu tinha dificuldade de compreender as pessoas ao meu redor, seja família, amigos, professores e colegas.

O.I.E.: O que mudou na sua rotina pessoal ou no trabalho depois do uso do aparelho?

Mudou pra melhor, vamos dizer assim. (risos) O uso do aparelho auditivo me proporcionou uma melhor qualidade de vida, o que me permitiu ter uma melhor socialização, seja em casa, na escola ou em roda de amigos. Claro que acompanhado da leitura labial, uma vez que com o meu grau de surdez, o AASI por si só não é o bastante e é ai que entra a leitura labial e ambos se complementam. Eu diria que o aparelho auditivo é como a cadeira de rodas é para os individuos com mobilidade reduzida, ou seja, é o que nos permite ter a liberdade de ir vir com segurança e confiança.

O.I.E.: Como foi o processo de inserção no mercado de trabalho após o início do uso do aparelho?

Foi bastante desafiador no início, uma vez que o ambiente de trabalho estava fora de qualquer experiência vívida por mim antes dos meus 23 anos. Atualmente, estou no meu segundo emprego e foi no primeiro emprego em uma loja do shopping, onde trabalhei como estoquista, que passei por muitos constrangimentos no início devidos aos fatores limitantes ocasionados pela minha deficiência e no meu atual emprego não foi diferente quando entrei. Isso me fez perceber o quanto os colaboradores não estão ou não possui treinamentos para lidar com indiviuos com deficiências quando este adentra ao mercado de trabalho. Hoje, eu me vejo mais incluído e confiante porque no decorrer do tempo em que estive trabalhando, seja no primeiro emprego quanto ao atual, eu precisei compartilhar informações acerca da minha deficiência e os fatores limitante, as minhas necessidades e melhores meios para se ter uma melhor comunicação.

O.I.E.: Que mensagem você deixaria para outras pessoas surdas sobre a importância da inclusão e do acesso ao aparelho auditivo?

A mensagem que eu deixo aqui é algo que eu queria ter ouvido de muitos daqueles que deveriam me apoiar antes de ingressar no mercado de trabalho: se imponha, é exatamente isso, se imponha nas tomadas de decisões, busque por capacitação profissional para mostrar que você possui domínio num determinado assunto, manifeste a vontade de aprender e, por último, não dê ouvido à sua insegurança que só vai te atrapalhar, porque no mercado de trabalho os recrutadores buscam por um profissional que saiba se impor, ser independente, seguro de si mesmo e que possua qualificação e vontade de aprender e quando se tem essas qualidades o peso da surdez torna-se insignificante e digo isso por experiência própria e claro que o AASI foi o que me possibilitou tudo isso e portanto o seu uso é essencial. Acredito que a maior arma da inclusão está em nós PCDs sabermos nos impor, conhecermos nossos direitos e compartilharmos informações sobre a deficiência e inclusão.

Gostou desse conteúdo? Saiba mais a respeito no site do Observatório de Inclusão e Economia.


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